O patriotismo acabou?

Por Mary Camata

Algumas horas antes do jogo do Brasil contra a Holanda, o que mais se via nas ruas eram pessoas felizes. Pessoas vestidas de verde e amarelo, bandeirinhas nos carros, comércios fechados e ruas desertas. Todo os movimentos eram apenas para frente da televisão, reunindo milhões de brasileiros em vários lugares do mundo para assistir a mais um jogo do Brasil com a esperança de uma vaga na semifinal.

Posso não entender de futebol, mas durante a Copa, todos nós somos um pouco técnico, somos um pouco árbitro e somos um pouco jogador. Nada neste Brasil faz um movimento tão grande de pessoas unidas como uma Copa do Mundo. O Brasileiro surge apaixonado pelo seu País, é quando se esquecem todos os problemas para depositarmos toda a nossa confiança em quem acreditamos que está defendendo toda a nossa nação.

Mas não foi o que aconteceu. O Brasil chupou uma laranja bem azeda na manhã desta sexta-feira, quando foi derrotado pela Holanda por 2x1. Os gritos e os barulhos das vuvuzelas pelas cidades se calaram. O sorriso deu lugar para expressões de decepção e, de repente, em um passe de mágica, o brasileiro esqueceu do patriotismo que carregava no peito.

Antes do jogo começar, saí para registrar momentos da Copa, sem imaginar que seria o dia que o Brasil voltaria para casa. Procurei o camelô que tinha várias camisetas do Brasil em vários tamanhos, para fazer uma foto, e ele estava lá, no mesmo lugar, mas sem as camisas do Brasil penduradas. Perguntei a ele o que tinha acontecido com as camisas, e ele respondeu: - Guardei moça, é uma vergonha deixar essa camisa exposta aqui agora, ninguém mais vai querer comprar, respondeu o senhor dono da barraca.

Em outra esquina, deparei-me com um adolescente jogando sua camisa do Brasil, aquela que ele beijava algumas horas atrás, quando ainda acreditava na vitória, agora ele a pisoteava no chão, gritando que o Brasil era uma... pouca vergonha para ser delicada.

Pois bem, várias cenas me fizeram ver que o patriotismo do brasileiro, apesar de demorar quatro anos para se manifestar, dura uma questão de 45 minutos do segundo tempo.

O amor à pátria mãe gentil, que acaba em uma partida de futebol, poderia durar um pouco mais, até o mês de outubro, quando o Brasil, que não escolheu nenhum daqueles jogadores para estarem em campo, vai poder escolher o presidente do seu País ou o governador de seu estado. A força que leva os brasileiros a manifestar tamanho patriotismo pelo futebol, poderia ser a mesma na hora da escolha dos políticos.

Será que com o Brasil fora da Copa, os brasileiros vão continuar a ser patriotas? Ser patriota é participar dos jogos políticos que acontecem no seu País, sabendo que a decisão está na sua mão e na união dos brasileiros. Vamos torcer para o Brasil nas eleições pois é quando o nosso Brasil está realmente em jogo ou você vai ficar sentado só assistindo?

Comentários

bianca disse…
Acho tão engraçado esses discursos patriotas da imprensa durante a copa. Fingem que não sabem que brasileiro ama mesmo é futebol, e não o país!

aah, ótimo texto.
piti dutra disse…
o cara sabe a escalação do time dele mas não sabe quem é o ministro da, p.ex, cultura...

pão é bolsa-família
circo é futebol

Muito legal tua abordagem desse 'poblema' do brasileiro
_marycamata disse…
boa gente e obrigada meus queridos pela força :)

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