Dia Mundial do Rock – 1ª parte



Por Mary Camata

Já dizia nossa roqueira Rita Lee Jones: “Desconfio que não há mais cura pra este tal de Rock and Roll”. E realmente. Desde que ele surgiu em meados da década de 50, ele nunca mais teve cura. Pelo contrário. O vírus rock and roll se espalhou rapidamente por países, atravessando gerações e está presente na vida de muitas pessoas até os dias de hoje.

No dia 13 de julho, comemora-se o dia do rock que surgiu em 1985 quando o cantor e compositor Bob Geldof organizou o evento chamado Live Aid que tinha o objetivo de arrecadar fundos em prol dos famintos da Etiopia. Os concertos foram realizados em Londres, Filadélfia, Sydney, Moscou e no Japão. O Live Aid foi uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e televisão de todos os tempos — estima-se que 1,5 bilhão de espectadores, em mais de 100 países, tenham assistido a apresentação ao vivo. A partir desde dia, a data 13 de julho passou a ser conhecida como o dia mundial do rock.

Não é fácil escrever sobre o dia Mundial do Rock, pois são tantos momentos marcantes que já aconteceram em vários lugares do mundo que não caberiam em uma só matéria. Resolvi convocar um time de peso de grandes pessoas ligadas a cena do rock no Brasil para que me ajudasse a montar uma homenagem ao Dia Mundial do Rock.

Para começar a confecção desta matéria especial, convidei o amigo Hélio Ribeira, artista plástico, vocalista da banda Willrob (RJ), produtor da Festa do Baco que acontece no Rio de Janeiro e amante das grandes história do Rock no Brasil que lembrou de um fato histórico que aconteceu no Rio de Janeiro na década de 80, o primeiro show da banda KISS no Brasil:

“ Se eu tiver que escolher apenas UM momento, eu fico com aquele que impressionou um menino que nunca tinha visto um mega show internacional. Aliás, até aquele dia, o Rio de Janeiro ainda não tinha visto um mega show internacional. O Queen já tinha tocado em São Paulo em 81, mas o Rio era quem podia definir algo pro futuro do rock no Brasil, naquela época. E foi a passagem do Kiss pelo Maracanã, em 83, na turnê do disco “Creatures of the Night”, que ensinou a molecada carioca como é divertido o grande circo do rock’n roll.

A expectativa para o evento era total, e a mídia cobria cada detalhe da história da banda. A exemplo do Morumbi, ao receber o Queen, o “Maraca” aturou 200 mil cabeças saltitantes, que se apertaram enlouquecidamente pelas portas estreitas para a grandiosidade da ocasião. Cada dificuldade evidenciava a falta de estrutura da organização, que depois do aperto, teve a recompensa: O Kiss colocou um tanque de guerra (de verdade!) no palco. E, como se não bastasse, o bicho ainda atirava. E, como se fosse ainda pouco, acertava (logicamente, efeitos pirotécnicos) os PA’s (caixas de som) suspensos sobre o público.

As caixas explodiam e pegavam fogo, provocando uma clareira aberta pela fuga da galera da cremação iminente. Já era conhecida do público essa característica teatral do grupo, mas até para quem já conhecia o impacto visual e sonoro foi demais, principalmente por nunca termos visto algo assim antes.

Em meio a tudo isso, o Herva Doce, banda nacional de qualidade e muito sucesso da época, abriu o grande show do Kiss. Quando soube que eles tocariam antes, estranhei. Não imaginava como um grupo nacional se encaixaria naquela estrutura. Era tudo muito grande, e inserir alguém “como nós”, naquele contexto, éra uma coisa inédita pro rock nacional até então. Pois a resposta do público foi ótima, o Herva mandou muito bem, e a receptividade do público provou que o Brasil estava pronto pro grande circo do rock’n roll e o Herva Doce mostrou que as bandas nacionais estavam prontas pra fazer frente nele.

Um dos momentos engraçados nesse show foi quando Renato Ladeira disse pro pessoal esperar por lá depois, porque o Kiss estava quase chegando pra fechar o show deles. Esse dia foi, com certeza, a festa de rock’n roll mais marcante. Não foi por acaso que, em 85, o Rio foi palco de um dos maiores festivais de Rock de todos os tempos, trazendo simultaneamente gente como AC/DC, Iron Maiden, Whitesnake, Ozzy, Yes, Queen, Scorpions e tantos outros. O Rock In Rio mudou tudo na música e no rock brasileiros, e influenciou até a forma de se produzir mega shows, inovando em muita coisa. Mas isso não teria acontecido sem esse antológico dia no Maracanã”, finalizou Helio.

Após Hélio lançar a data marcante, veio a pergunta... onde estaria Renato Ladeira? O produtor que fundou a antiga banda The Bubbles, também foi integrante da banda Herva Doce, que foi a banda que abriu o show do Kiss em 1982 para um publico de 200 mil pessoas. Com a facilidade da internet, consegui encontrar Renato Ladeira que gentilmente me cedeu algumas palavras sobre este grande dia na cena do rock no Brasil:

“ O dia que abrimos o show do Kiss no Maracanã foi mágico, uma das maiores emoções da minha vida. Lembro do exato momento que estávamos fora do palco, na beira da rampa de acesso a ele, esperando o sinal do “gerente” de palco do Kiss para subirmos e fazer o show. Ele falou que o nosso sinal seria quando apagassem as luzes do estádio.

Apagaram, mas ele não deixou que subíssemos. Então vimos o Maracanã lotado piscando isqueiros.... foi indescritível. Depois de um tempo ele nos mandou subir e fazer o show. Eu estava tão nervoso que atrás dos amplificadores gritei, mas gritei muito alto.

Consegui descarregar um pouco a adrenalina acumulada, entramos e fizemos o nosso show. Foi ótimo ver o Maraca inteiro cantando "Erva venenosa" conosco. Foi um dia fabuloso. O rock está na minha vida desde os meus 13 anos de idade, quando montei com meu irmão a minha primeira banda "The Bubbles", que depois de alguns anos se tornaria "A Bolha". O Herva só viria nos anos 80. E neste ano reuniremos A Bolha para gravar um show em comemoração dos 40 anos de banda (1970/2010), disse Renato.

O Rock está em todos estes momentos que podemos vivenciar. Está no nosso sangue, nos nossos olhos e na nossa memória. Na segunda parte da matéria, temos o rock na vida dos roqueiros que vivem e trabalham diretamente com ele. Viva o dia do rock e muito rock and roll pra gente!

Comentários

Inês disse…
E eu estava lá.....graças a DEUS!!!!

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