O Grito Rock de Ji-Paraná
Ji-Paraná está mais que carente de rock. Foi à primeira coisa que me veio à cabeça assim que cheguei ao Ginásio de Esportes Gerivaldão para acompanhar mais uma edição do Grito Rock de Ji-Paraná. O Gerivaldão que não é um local muito agradável ao meu ver, estava lotado por pessoas de diferentes tipos e classes, todas em busca de suprir sua carência, ouvir um bom rock, coisa que para quem mora em Ji-Paraná, sabe que isto são momentos raros.
Ah que saudade de resenhar um Festival de Rock, posso matar a minha saudade contando como foi o Grito Rock, edição Ji-Paraná. Como sempre, acabei chegando um pouco atrasada ao evento e perdi as duas primeiras bandas, a novata Howling e a banda de Vilhena que ainda não conheço The Blank. Cheguei no momento em que a banda com o nome exótico Maxxx V8 se preparava para entrar ao palco. Sem dúvidas foi à banda que mais agitou aos roqueiros carentes que queriam muito ouvir um rock mais.... digamos... pesado. Maxxx V8 me lembrou muito as bandas de metal da capital Porto Velho e sua música própria meio “baladinha” que me parece ter ganhado um festival no interior do estado, sem dúvidas é a melhor do repertório. A quarta banda da noite, pra mim, foi a banda do Grito Rock. Com 10 anos tocando em Ji-Paraná, a banda Tatudikixuti fez uma junção muito interessante com os integrantes da Calibre a Gosto – antiga Intrusos do Rock do saudoso Maycon Victor – com Rafael Frajola e suas tatoos no vocal. A Tatudikixuti cresceu, e muito. Fez o seu rock de protesto da forma mais madura possível e pra mim foi a melhor banda que passou no palco desta edição do Grito.
A acreana Fridas trouxe todo o charme feminino para o Grito com a vocalista Rebeca com sua voz doce e aveludada, foi lindinho. A banda Di Marco, que outrora já teve apresentações melhores, é sempre a alegria da garotada, reunindo uma galera que já sabe todas as músicas na ponta da língua. Destaque para a volta do baixista Marcelino que faz a diferença na banda e para o baterista Alexandre Wilsen que a cada dia cresce mais dentro do power trio. Fechando a noite, toda a mistura “cósmica intergalática” da banda portovelhense Beradelia que também é uma junção das bandas Bicho du lodo e Quilomboclada que em determinados momentos, me lembrou de longe pegadas Móveis Coloniais, mas em outras, me trazia uma imagem de som da floresta, uma mistura muito confusa, as vezes estranha e as vezes marcante. O Grito Rock encerrou tentando deixar uma imagem de que o rock em Ji-Paraná ainda existe, apesar de às vezes parecer estar se apagando, a chama ainda luta para permanecer acesa.
* Texto e foto: Mary Camata
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